Conexão do Aprender
Sou Cristiane Saraguci, Pedagoga com Habilitação em Adm. Escolar, pós-graduada em Psicopedagogia, pós-graduanda em Neuropsicopedagogia e Coach pela SBCoaching. O objetivo do Blog é compartilhar conteúdos sobre desenvolvimento humano, aprendizagem e educação, não apenas o aprendizado formal, mas aquele que adquirimos através das nossas vivências diárias. Seja bem vindo e boa leitura!
segunda-feira, 11 de novembro de 2019
A relação do Controle Inibitório, Atenção e Memória, com a aprendizagem!
Toda aprendizagem depende do desenvolvimento sensório-motor, ou seja, das interações com o ambiente e pessoas, além dos processos neurobiológicos de amadurecimento. Entre os processos neurobiológicos de amadurecimento estão as funções executivas.
Sendo assim, quero trazer pra vocês um breve esclarecimento sobre o papel das funções executivas na aprendizagem, ou seja, vamos falar sobre as nossas competências superiores. Elas envolvem a seleção, a análise e a manipulação de informações de maneiras novas. Elas se desenvolvem durante toda a infância e adolescência e são determinantes para o sucesso do indivíduo na vida pessoal e profissional. São as últimas a se desenvolverem e as primeiras a falharem, como consequência do envelhecimento e de disfunções neurológicas.
Quero chamar atenção, em especial, a uma das funções executivas mais importante, o "controle inibitório". Como o próprio nome já diz, é um controle inibidor, mas inibidor do que? Você entenderá a seguir. Ele é desenvolvido no decorrer da infância e da adolescência, é ele que permite ao indivíduo suprimir os impulsos e pensar antes de reagir ou de falar. Você deve estar pensando: "Agora eu entendi alguns comportamentos, principalmente nas redes sociais!". Pois é!
O controle inibitório está relacionado à várias outras funções, como atenção e memória de trabalho. Ele está ligado tanto à condutas sociais quanto habilidades cognitivas básicas, como o domínio da atenção diante de estímulos concorrentes. Por exemplo, quando estamos em uma sala de aula, lá fora os carros continuam passando, no corredor ouvimos vozes de pessoas falando, sons de passos, mas o que o sistema inibitório faz é nos ajudar a focar à atenção no professor, por exemplo, ignorando todos estes outros estímulos.
Ele responde por todas as situações que requerem o autocontrole e a resistência à tentações, como comidas, jogos, compras e outros vícios. Em outras palavras, é a função da DISCIPLINA, é o que nos permite FOCAR em uma tarefa até que ela seja concluída, apesar da vontade de ceder a outros estímulos. Impede-nos, por exemplo, de mandar uma mensagem grosseira a alguém que nos provocou! Essa função oferece recompensa tardia, ou seja, esforçar-se agora para ser recompensado depois.
É impossível falar de controle inibitório sem falar de "inteligência emocional", que é uma das competências mais valorizadas, sobressaindo sobre o QI. Pessoas com um QE bem desenvolvido possuem mais chances de alcançarem o sucesso profissional e pessoal. Muitas pessoas chegam a idade adulta sem exercitar seu controle inibitório, o que leva a muitos problemas de relacionamento. Erros relacionados a falta de capacidade de esperar e de ponderar para agir são percebidos nas diversas formas de relações, inclusive nas redes sociais.
Em uma pesquisa realizada no ano de 2011, um grupo de pesquisadores liderados por Terrie Moffitt, acompanhou a vida de cerca de 1000 pessoas por um período de 30 anos. Concluiu-se que as crianças - de 3 a 11 anos de idade - que apresentaram um melhor desempenho em tarefas que dependiam do sistema inibitório tinham, também, maior probabilidade de se manterem na escola durante a adolescência, além de terem menos chances de fazerem escolhas arriscadas ou consumir substâncias ilícitas. Além disso, eles perceberam que, quando adultos, as pessoas estudadas apresentaram melhores condições de saúde e maior remuneração. O controle da impulsividade mostrou-se mais importante do que outros fatores, como QI, classe social, gênero ou circunstâncias familiares.
Na infância, o controle inibitório, começa a se desenvolver através do controle dos esfincteres e o saber esperar. Uma dica de atividades que ajudam a criança a desenvolver o autocontrole são as artes marciais, pois além do movimento do corpo, regras e objetivos, envolvem questionamentos que levam a reflexão sobre o próprio comportamento e sobre a importância da disciplina e do planejamento, mas sem desconsiderar o presente.
Quando olhamos para o cenário atual educacional, observamos muitas vezes, que a educação se precipita em alfabetizar crianças em idade pré-escolar ou se preocupa demais em repassar conteúdos acadêmicos, sendo que atividades lúdicas e esportivas, que trabalhem o controle dos impulsos e que ensinem a esperar antes de responder ou agir, poderiam trazer resultados mais significativos para o desenvolvimento cognitivo e até mesmo para o desempenho acadêmico das crianças. Vale relacionar aqui os conhecimentos da neurociência com os 4 pilares da educação para o século XXI: aprender a conhecer (motivação), aprender a fazer (prática, experiência), aprender a conviver (neurônios espelho - empatia) e aprender a ser (maturação cerebral - autorregulação).
O controle inibitório impacta na memória? Sim. Uma vez que a criança ou adulto não consegue ignorar os estímulos do ambiente sua atenção estará prejudicada e, por consequência, sua memória. Existem vários tipos de memória, uma delas é a memória de trabalho. Este tipo de memória utilizamos para compreender e manipular as informações. Imagine que você iniciou a leitura deste artigo, sua memória de trabalho é usada para que você consiga compreender o texto, a sequência desde o primeiro parágrafo. Recorremos a ela também para compreender números envolvidos em uma operação mental, por exemplo. As informações manipuladas podem ser verbais ou visuoespaciais.
Uma criança com dificuldade de controlar a atenção, ignorando os estímulos concorrentes, apresentará problema para iniciar e terminar uma determinada tarefa, uma vez que seguir uma sequência de comandos na mente sem ser interrompida é um grande desafio.
Pessoas com memória de trabalho fraca apresentam dificuldade em organizar uma lista de tarefas mentalmente que precisam ser executadas ou seguir uma série de instruções. Imagine que você passou uma lista de tarefas para uma criança, para que consiga cumprir ela precisará ignorar os estímulos que aparecerão no caminho e manter o foco no seu objetivo, porém, a criança do exemplo, cumprirá a primeira tarefa e passará para outra atividade que apareceu no meio do caminho, perdendo o foco. Ou seja, em crianças com dificuldades atencionais é muito comum este tipo de comportamento, uma vez que à atenção está relacionada à memória de trabalho.
Podemos concluir então que, investir tempo no desenvolvimento do controle inibitório desde a infância é de suma importância para o sucesso dos indivíduos, pois terá grande impacto no aprendizado, uma vez que para aprender é necessário ter foco e atenção na atividade que está sendo executada.
GRATIDÃO
Cristiane Saraguci
Psicopedagoga Clínica e Institucional
FanPage: @conexãodoaprender
Referência Bibliográfica:
DIAMOND, A. Executive Functions. Annual Review of Psychology, v. 64, p. 135-168, 2013. Disponível em Link: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4084861/
terça-feira, 8 de outubro de 2019
Prevenindo as dificuldades e problemas de aprendizagem
Primeiro gostaria de esclarecer o termo designativo "dificuldade de aprendizagem". Dificuldade é qualquer coisa que atrapalhe, não é algo específico. Se aprender é um esforço, então, podemos dizer que, quando algo me tira deste "esforço de aprender", passa a ser uma dificuldade. Por exemplo: dificuldade de controlar a curiosidade para olhar o celular ou assistir à televisão, não conseguir ficar sentado por muito tempo no mesmo lugar, hábito de ouvir música enquanto estuda, enfim...algumas atitudes ou comportamentos que podem interromper o aprendizado e gerar a dificuldade.
Dificuldade é um termo genérico, ou seja, qualquer um pode ter uma dificuldade de aprendizagem. Nestas situações é preciso examinar minuciosamente todos os elementos que podem estar interferindo na aprendizagem, aqui podemos considerar fatores como ambiente, condições, atitudes, entre outros. O problema pode não estar no sujeito, mas sim fora dele. É preciso descobrir qual é o agente de interferência que está dificultando a aprendizagem do sujeito.
"Para entender o que o outro diz, não basta entender suas palavras, mas também seu pensamento e suas motivações." Lev VygotskyAgora, quando usamos o termo designativo "problema de aprendizagem", estamos dizendo que existe um obstáculo que o sujeito precisará transpor e que exigirá mais esforço. Aqui podemos incluir, por exemplo, a falta de repertório,ou seja, ele não possui a condição necessária para executar determinada tarefa. Podemos encontrar, com esta característica, boa parte das crianças com dificuldade no período de alfabetização. É preciso salientar, que para uma criança ser alfabetizada, existem requisitos mínimos que não podem ser negligenciados, sem estes requisitos a criança apresentará problemas nesta fase. Quais são os requisitos? Coordenação motora, noção de espaço, direção e quantidade, domínio da linguagem oral, consciência fonológica, conhecer o alfabeto, desenvolvimento cognitivo (atenção, concentração, percepção, memória, etc), discriminação auditiva, discriminação visual.
Quando falamos em não ter repertório nos dirigimos para o campo da "limitação", A LDA (The Learning Disabilities Association of America) nos apresenta algumas classes de problemas, que são:
- Problemas de Leitura ( Visão )
- Escrita
- Auditivo e Verbal
- Matemáticos
- Social/Emocional
Nestes casos, é preciso transformar estes problemas em algo que possa ser transposto. Por exemplo, quando dizemos que "temos um problema de visão", é um problema, geralmente, fácil de resolver, basta ir ao oftalmologista e provavelmente você passará a usar óculos.
O importante é entender as razões que cercam o sujeito e que podem lhe permitir avançar, porque os problemas costumam ser pontuais. Nestas situações é possível observar, muitas vezes, julgamentos errôneos das pessoas que convivem com o sujeito, demonstrados através de falas como: "É falta de interesse!", "Não presta atenção porque não quer saber de nada!", entre outros. Sem empatia é impossível ajudar estes indivíduos!
Imagine uma criança que convive diariamente em uma sala de aula onde a maior parte dos amigos está lendo e escrevendo, a professora aplicando exercícios nos livros, e ele simplesmente perdido, sem conseguir ler e responder nada. Como fica a auto-estima desta criança? Encontramos crianças com problemas sociais e emocionais, fatores que interferem no aprendizado, com muita frequência. Crianças que são negligenciadas pela própria família, pela escola e até pela sociedade. Crianças que vivem em ambientes pobres em estímulos, sem acompanhamento dos pais ou familiares em relação aos estudos. As chances dessa crianças apresentar problema é enorme! Quero deixar uma reflexão:
"Se você fosse essa criança, com dificuldade, em uma sala de aula padronizada, onde todos caminham e você fica para trás, como você se sentiria e que tipo de vínculo você acredita que faria com a escola e o aprendizado? Positivo ou negativo?"
Em sala de aula é preciso colocar em prática todo o conteúdo teórico que Lev Vygotsky, Piaget, Maria Montessori, e muitos outros nos deixaram. Se o aprendizado ocorre na relação com o meio e com o outro, porque vemos tão poucas trocas em sala de aula? É a fase que eles mais precisam interagir, discutir, criar, argumentar.
"O maior sinal de sucesso para um professor...é para dizer: As crianças estão trabalhando como se eu não existisse." Maria MontessoriO que observamos são padrões difíceis de serem quebrados, carteiras enfileiradas, criança olhando a cabeça da outra criança, sem contato visual, olho no olho. Por que não experimentar coisas novas? Carteiras em meia-lua ou crianças sentadas em duplas para realizarem atividades juntas, por exemplo. No início todos podem estranhar, é normal, pois temos medo do novo, porém somos seres que se adaptam aos ambientes e situações. É preciso sair da "caixinha". É preciso organizar as crianças de forma que possam aprender umas com as outras, onde elas possam se expressar mais, dar opinião, pensar juntas e o professor consiga mediar este conhecimento de forma significativa.
Imagine uma criança que ainda não possui o repertório necessário tendo a oportunidade de aprender com o colega que já possui, podendo se expressar, experimentar e participar da aula, sem o constrangimento de ficar apenas observando todos fazerem algo que ele ainda não consegue, por falta de repertório.
Quando falamos em prevenção, estamos falando de algo que devemos fazer antes que determinados problemas apareçam, se não eliminá-los, irá, ao menos, reduzi-lo. Neste ponto é preciso ter empatia, criatividade e interesse, pois é preciso mergulhar e se aprofundar nas teorias, com o objetivo de levar novas experiências para a sala de aula. Aqui vale a inovação! Algo que, de repente, ninguém pensou ou fez. Lembre-se que, tudo que existe de novo no mundo, foi pensado por alguém que não seguiu o "padrão", que muitas vezes foi chamado de "louco" por não ficar preso dentro de padrões preestabelecidos.
"Professor não ensina, mas arranja modos de a própria criança descobrir. Cria situações-problemas." Jean Piaget
Em relação ao pais, o que você pode fazer para ajudar seu filho? Estabelecer rotina com horário de estudo, sono e alimentação, conferir a lição todos os dias, manter um bom relacionamento com a escola e professor, estabelecer limites e deveres dentro de casa, adquirir jogos ricos em estímulos e jogar com ele, reduzindo o uso da tecnologia ( TV, celular, tablet, computador etc), levá-lo para brincar fora de casa, ao ar livre, tenho certeza que não faltará criatividade para você passar um tempo com seu pequeno.
Para finalizar, te encorajo a fazer diferente e mudar a realidade no meio em que você está inserido, dentro de casa ou na sua sala de aula. Faça a diferença! Dê o seu melhor e fuja de determinados padrões que não funcionam para todos os indivíduos. É preciso olhar o sujeito em sua integralidade, considerando sua realidade e visão de mundo, pois não existem dois mundos iguais, cada um de nós vive seu próprio mundo, criado a partir de nossas experiências e interações. Portanto, existem vários formas de aprender e ensinar!
"O que vemos muda o que sabemos. O que sabemos muda o que vemos." Jean Piaget
#GRATIDÃO
Cristiane Saraguci
Psicopedagoga e Personal Coach
quinta-feira, 5 de setembro de 2019
EOCA - Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem
A EOCA é um dos instrumentos que pode ser utilizado no processo de avaliação psicopedagógica. O termo EOCA significa "Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem" e foi elaborada pelo professor argentino Jorge Visca.
A aplicação da EOCA é um momento especial e possibilita o primeiro contato com a pessoa que apresenta algum sintoma, ou alguns deles, correspondentes a queixa inicial de dificuldade de aprendizagem. Aliás foram os sintomas que levaram a pessoa, ou seus responsáveis, a procurar ajuda de um especialista.
A EOCA é um instrumento que pode ser utilizado em qualquer faixa etária, lembrando que não são apenas crianças e adolescentes que podem apresentar dificuldades de aprendizagem, a ação psicopedagógica não apresenta limite de idade, assim como não existe limite para aprender.
Para organização da EOCA teremos como parâmetro os materiais que serão escolhidos para compor uma caixa, levando em consideração a idade da pessoa que será atendida e sua condição escolar atual. Visca (2010) sugere os seguintes materiais:
Folhas lisas brancas tamanho Carta ou A4
Folhas com linhas e quadriculadas
Lápis novo e sem ponta
Apontador
Borracha
Caneta
Folhas de papal colorido para dobradura
Régua
Lápis de Cor
Livro ou Revista
Como pode observar, os materiais lembram os que utilizamos na escola, por exemplo. Esses materiais podem ser adaptados de acordo com a faixa etária. Vamos dizer que a pessoa atendida seja uma criança com menos de 4 anos, podemos incluir materiais próprios da idade, como giz de cera grosso, livros infantis para esta faixa etária, etc. Se a pessoa for adulta pode-se incluir um livro de poesia, uma revista para adultos e assim por diante.
O importante não é a quantidade de materiais, mas a escolha dos objetos que servirão como mediadores, ou como disparadores de uma apresentação. É preciso lembrar que o foco desta entrevista não é procurar as "dificuldades" de aprendizagem, nosso olhar precisa estar direcionado par o sujeito que está diante de nós. Assim, o que nos importa, é conhecer e observar essa pessoa, a fim de compor um sistema de hipóteses que nos leve a compreender o seu jeito de aprender.
A aplicação da EOCA acontece basicamente da seguinte forma, uma mesa e duas cadeiras, em cima da mesa ficará disponibilizada a caixa com os materiais que poderão ser utilizados após a abertura da entrevista com a seguinte consigna:"Gostaria que você me mostrasse o que sabe fazer, o que lhe ensinaram, o que aprendeu. Para isso você poderá utilizar os materiais que estão sobre a mesa". E, após alguns instantes acrescenta-se: "Este material é para você usar, se precisar, para mostrar-me o que eu gostaria de saber de você, como comentei".
Em uma EOCA nos interessa três elementos: a temática, a dinâmica e o produto.
A temática é tudo aquilo que a pessoa fala com o interlocutor e consigo mesmo, o que é muito comum, uma vez que escutar a própria voz é um recurso organizador da própria ação.
A dinâmica é o conjunto de movimentos corporais realizados pela pessoa durante a entrevista, desde a maneira como segura um objeto (tesoura, lápis, caneta, cartas de baralho,...), até o modo de se sentar, o piscar incessante, isto é, os movimentos que ela realiza ou a falta de movimentos.
O produto é a produção da pessoa, seja um desenho, um texto, uma colagem, entre outras inúmeras possibilidades.
Esse conjunto de observações é que expressa a "resposta" dada à consigna de abertura, ou tarefa de abertura, solicitada pelo entrevistador.
O entrevistado pode reagir de diversas maneiras diante da consigna ou tarefa:
- falar;
- desenhar, escrever, fazer contas, etc;
- perguntar o que é para fazer;
- ficar paralisado;
- entre outras.
O papel do entrevistador não é dirigir a entrevista, mas apenas observar os movimentos apresentados e identificados, acolhendo-os, podendo realizar algumas intervenções. Visca (2010) sugere o modelo de múltipla alternativa, ou seja, que se apresente algumas possibilidades, como expressa em: "Você pode desenhar, recortar, pintar ou fazer qualquer outra coisa que lhe ocorra".
Ao realizar alguma intervenção o psicopedagogo precisa ter como objetivo observar a mudança de conduta; de que maneira a pessoa reage diante de uma situação que o desorganiza e como ele se reorganiza; a qualidade de suas justificativas, o que ele aceita ou recusa no vínculo que estabelece com o especialista, com os materiais oferecidos ou com as intervenções realizadas.
Como registar? Durante a aplicação da EOCA o especialista anota todos os movimentos, cometários, ações da pessoa entrevistada, o ideal é já ter uma folha dividida em duas colunas, na primeira coluna fazer os registros e na segunda coluna anotar as hipóteses. É importante anotar os próprios pensamentos e perguntas feitas durante a entrevista. Não se trata de um pensar qualquer. É um pensar focado nos parâmetros oferecidos pelas teorias que explicam o desenvolvimento humano, que, no caso da Teoria da Epistemologia Convergente, são os aportes teóricos da escola de Genebra, da psicanálise e da psicologia social.
Somente após este estudo é que se passa para a escolha de instrumentos de pesquisa que podem vir a responder algumas hipóteses levantadas.
Espero ter ajudado a esclarecer um pouco sobre este instrumento importante no atendimento clínico psicopedagógico.
GRATIDÃO
Cristiane Saraguci
Psicopedagogia e Coach
(11)98315-1410
quinta-feira, 29 de agosto de 2019
Feito é melhor que perfeito!
Quantas vezes você já ouviu esta frase: "Feito é melhor que perfeito"? Minha experiência de vida e profissional me mostrou que essa é uma verdade incontestável, e eu complemento: "aperfeiçoe fazendo"! Não estamos dizendo aqui que devemos fazer as coisas relaxadamente, esse é um entendimento equivocado. Esta reflexão me leva a pensar em outra frase: "Faça o seu melhor hoje com as ferramentas que você possui". Você já deve ter percebido onde eu quero chegar!
Sabe as famosas "desculpas" que damos a nós mesmos para não tocar um projeto, para não fazer o que precisa ser feito? Pois é. Se você observar perceberá que "nunca as condições estão perfeitas pra você", e esse é o perigo. Vamos adiando, adiando...e a pergunta que fica é: "se não é hoje será quando?". Nós precisamos, é claro, de condições mínimas para realização de determinados projetos, mas boa parte deles nem foram para o papel, estou dizendo alguma bobagem? Me fale quando foi a última vez que você PLANEJOU de verdade algo, que você colocou no papel o seu sonho, o seu projeto?
Chegamos a outro ponto importante na conversa, pois tudo que vem do mundo das ideias (sonhos, projetos, metas) precisa ser colocado no papel, pois é neste momento que seu sonho começa a virar realidade, ele sai do mundo das ideias e passa a ser "palpável" pra você, é neste momento que você começa a idealizar, planejar e, principalmente, estipular prazos para que tudo isso vire realidade. Alguém sobe uma escadaria inteira em um só passo? NÃO. Pois é! Na vida também assim, vamos subindo degrau por degrau, em alguns momentos precisamos retroceder e iniciar o processo de subida novamente, é assim que funciona!
Descobri que as pessoas que mais realizaram são as que mais tropeçaram, porque elas não têm medo de errar! Elas descobriram que é justamente neste ponto que está o aprendizado. Ninguém nasce sabendo, nós aprendemos errando! Se você não tentar, NUNCA vai aprender! O aprendizado é "AÇÃO", é uma sequência de tentativas, erros e acertos. Antes de você aprender a andar você caiu muitas vezes! O ciclo do aprendizado para pela fundamentação teórica e em seguida segue para a prática, sem a prática o aprendizado não se concretiza, é assim que funciona! Não adianta você estudar, estudar, estudar e não colocar em prática, porque você só dominará o conteúdo quando COMEÇAR A FAZER, é ali que aparecem as dúvidas, as dificuldades, é neste momento que você pedirá a "AJUDA DOS UNIVERSITÁRIOS" quando necessário.
Para finalizar, eu quero encorajar você a dar o primeiro passo! Se pergunte: "o que eu desejo tanto mas tenho medo de realizar?", "o que eu venho dando desculpas a mim mesmo para adiar?". Comece já a colocar no papel, você se surpreenderá com o que é capaz de fazer. Não tenha medo de errar, pois errar faz parte do processo de aprender. Como diz o ditado popular: "só não se dá jeito para a morte", as outras coisas vamos conduzindo. Existe um universo de possibilidades à sua volta, basta você expandir a sua mente e ACREDITAR! Afinal:
"Tudo é possível àquele que crê." Marcos 9:23
GRATIDÃO
terça-feira, 27 de agosto de 2019
Neuropsicopedagogia: o que significa?
A Neuropsicopedagogia é uma ciência transdisciplinar, fundamentada nos conhecimentos da Neurociência aplicada à educação, com interfaces da Pedagogia e Psicologia Cognitiva que tem como objeto formal de estudo a relação entre o funcionamento do sistema nervoso e a aprendizagem humana numa perspectiva de reintegração pessoal, social e educacional.
O Neuropsicopedagogo poderá atuar em ambientes educacionais e/ou instituições de atendimento coletivo, clínicas, hospitais, que apresentem projetos voltados às dificuldades de aprendizagem.
De onde surgiu a Neuropsicopedagogia? Em 2008, na cidade de Joinville, no estado de Santa Catarina, um grupo de docentes em uma instituição de ensino e pesquisa, que promovia assessoria em cursos de pós-graduação, incluíram discussões que envolvia Neurociência aplicada à educação, nas especificidades das aprendizagens escolares. Eles se uniram para pensar esses olhares e avaliarem tudo o que estava disponível no âmbito da educação especial, das dificuldades de aprendizagem, da inclusão escolar e do atendimento multidisciplinar, a partir das concepções transdisciplinares que o grupo tinha.
A partir disso nasce, então, o primeiro projeto que envolvia as Neurociências aplicadas à educação, nomeado de Neuropsicopedagogia, unindo Neurociências, Psicologia e Pedagogia.
O Neuropsicopedagogo é o profissional que reúne o conhecimento pedagógico e neuropsíquico necessário para entender a realidade neuropsíquica cognitiva do sujeito, visando:
- Identificar as potencialidades cognitivas do sujeito, independentemente do tipo de dificuldade de aprendizagem, distúrbio, transtorno ou qualquer anomalia neuropsíquica que esteja presente;
- Estimular o desenvolvimento dessas potencialidades, com base no conhecimento do funcionamento e programação das suas redes neurais;
- Treinar os professores e orientar os pais no entendimento neuropsíquico cognitivo de seus alunos e filhos, visando possibilitar a verdadeira inclusão escolar e social;
- Identificar os sintomas que dificultam o processo ensino-aprendizagem, desde os primeiros anos de vida;
- Fazer a análise comparativa dos sintomas, visando identificar os que podem ser provenientes de bloqueios emocionais e os que podem estar relacionados às anomalias comportamentais, , neuróticas, neurológicas, psíquicas ou outras, fazendo os devidos encaminhamentos para outros profissionais;
- Sugerir intervenções após concluído o período avaliativo e o laudo da hipótese diagnóstica.
O público do neuropsicopedagogo vai desde crianças até idosos.
Quando procurar um Neuropsicopedagogo? Podemos citar alguns sinais:
- Notas ruins em todas as matérias;
- Notas ruins em matérias específicas;
- Desatenção;
- Agressividade;
- Choro excessivo;
- Oposição excessiva;
- Dificuldades no relacionamento;
- Preguiça de estudar;
- Dificuldade de aprendizagem em geral.
Espero ter esclarecido suas dúvidas sobre o assunto. Caso queira deixar alguma pergunta, sugestão, crítica ou comentário, fique à vontade! Ficarei feliz em respondê-la.
GRATIDÃO!
Cristiane Saraguci
Psicopedagoga Clínica e Institucional
Personal & Professional Coach
Pós-graduanda em Neuropsicopedagogia Clínica e Institucional
segunda-feira, 29 de julho de 2019
terça-feira, 23 de julho de 2019
O útero, a mãe e o bebê! Afetividade e socialização em desenvolvimento.
Muito ouvimos falar em vínculo materno, mas dimensionar o impacto que ele causa e representa no desenvolvimento de um indivíduo é bem difícil! Na Psicopedagogia - e na teoria essencial (ou de Matrizes Dimensionais) - denominamos "brincadeira essencial" aos modos de afetividade e de relação social. Existe socialização no útero? O bebê realmente sente ou percebe o que se passa com a mãe?
A resposta é SIM! A criança é "afetada" desde o início de sua vida para a construção de seus modos de afetividade, ou seja, no ventre materno a mãe irá transmitir seus estados de ânimo, movimentos e sentimentos. Dentro do útero, o bebê irá registrando "visceralmente" tais estados e começará a configurar de acordo com sua singularidade (ele é um ser único na sua espécie), seus "estados psíquicos". Muita responsabilidade, não é mesmo? Imagine que da mesma forma como é transmitida a cor dos olhos ou da pele, as sensações irão se inscrevendo, no incipiente psiquismo, dimensionalmente conforme a evolução dos órgãos sensoriais e segundo o material genético específico.
Quando eu cito o material genético para a estruturação da afetividade e da socialização, estou me referindo àquele material genético afetivo e vincular do qual a mãe é portadora, estruturado conforme suas modalidades, vivências e experiências próprias, que serão transmitidas por via intra-uterina ao bebê. Ali, no útero, serão criadas as bases da afetividade. Essa será sua primeira experiência e forma de socialização. Incrível!
Por isso é tão importante que a mãe tenha uma gestação tranquila, é interessante que a mãe procure atividades que lhe ajudem a manter um estado de ânimo positivo. Conversar com o bebê, colocar músicas para ele ouvir, tudo isso ajuda para o bom desenvolvimento da psique do bebê.
Infelizmente não se pode dimensionar como cada bebê será afetado, o resultado poderá aparecer no desdobramento do seu desenvolvimento, pois somos seres únicos e complexos, o que afeta de forma negativa um indivíduo pode não ter um impacto tão significativo em outro. Mas o importante é saber que o bebê está recebendo toda informação para o seu desenvolvimento dentro do útero e usar isso como instrumento para fazer as melhores escolhas possíveis, contribuindo assim com a natureza e com a saúde emocional do bebê.
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Gratidão!
Cristiane Saraguci
Psicopedagoga e Coach
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