segunda-feira, 20 de maio de 2019

A televisão e sua responsabilidade na formação das crianças


A contemporaneidade nos trouxe algumas mudanças e influências que impactam no desenvolvimento humano, uma delas é a transferência, pouco a pouco, dos cuidados das crianças das famílias para as escolas. Hoje falamos em "educação integral" ou "desenvolvimento integral" do sujeito. O que isso quer dizer? Que o ser humano precisa se desenvolver na sua integralidade. Segundo o Centro de Referência em Educação Integral:
"a educação integral é uma concepção que compreende que a educação deve garantir o desenvolvimento dos sujeitos em todas as suas dimensões - intelectual, física, emocional, social e cultural - e se constituir como projeto coletivo, partilhado por crianças, jovens, famílias, educadores, gestores e comunidades locais".
Essa passou a ser uma tarefa essencial no espaço escolar, sendo assim, os filhos acabam passando um tempo menor com a família, a qual deve garantir que o tempo com os filhos seja de maior qualidade. Você acredita que apenas as escolas e as famílias são responsáveis pela educação? Eu te afirmo que não. Hoje a criança sofre influência de todo tipo de mídia.

Uma reflexão que me chamou atenção no livro "Não nascemos prontos" de Mário Sérgio Cortella está na página 47 com o título "A mídia como corpo docente", o autor cita um fenômeno que passa despercebido na correria do dia a dia. Ele enfatiza que uma criança nos centros urbanos, a partir dos dois anos de idade, tem acesso a uma média de três horas diárias de televisão, sem contar as outras mídias (celular, tablet, etc), ou seja, aos 7 anos de idade ela já assistiu mais de cinco mil horas de programação televisiva.

Sério, você se chocou com este número? Porque eu me choquei. Vale uma reflexão muito importante aqui! CINCO MIL HORAS! Essa criança chega no ensino fundamental com cinco mil horas de programação televisiva. Gente, é muita coisa! Você não acha que é uma responsabilidade muito grande  para os que produzem programação e publicidade infantil? Pois é! Por isso, nós pais e cuidadores, precisamos estar atentos ao tipo de formação que a criança está recebendo, estamos falando em um impacto formativo, isso mesmo! A mídia televisiva tem o poder de influenciar comportamentos, criar conceitos, estimular o consumismo. E sem contar que não podemos esquecer dos interesses econômicos que existem na jogada!

A criança, em especial, "imita" o que vê na tela. Em minha experiência como professora de educação infantil presenciei de forma corriqueira as crianças reproduzindo o que assistiam na televisão ou nas mídias a qual eram expostas, ou seja, nós educadores temos consciência da importância dos pais fazerem boas escolhas, criarem controle dos acessos às mídias, mas infelizmente nem todos percebem o perigo a que estão expondo os filhos. A criança é como uma esponjinha, ela vai absorvendo tudo a sua volta, cabe a nós pais direcionarmos o que realmente julgamos importante elas terem acesso, todo cuidado é pouco!

Vale uma reflexão: qual o papel social da mídia? Será que eles se dão conta do caráter e responsabilidade "educativa" que carregam? Existem vários estudos sobre o assunto, mas basta observar o comportamento das crianças expostas desregradamente a todo tipo de programação televisiva, o excesso de erotização é assustador (dança da bundinha, da garrafa, da vassoura, e por aí vai), a banalização do sexo, valores familiares sendo denegridos e violência excessiva. Veja a forma como se vestem e dançam! Se tornam mini-adultos.

Vou deixar algumas dicas de algumas coisas que os pais e cuidadores podem fazer a respeito:

  • reduzir o tempo de exposição da criança à televisão, celular, ou qualquer outra mídia;
  • supervisionar o tipo de programação e o conteúdo apresentado, mesmo em desenhos;
  • ajudar o filho a encontrar um hobbie, um esporte, uma brincadeira ou atividades que goste;
  • conversar com seu filho sobre estes conteúdos inadequados quando for exposto, para que compreenda o que está vendo e entenda o quanto é prejudicial;
  • não colocar TV no quarto das crianças;
  • assinar revistinhas, comprar livros infantis e jogos que a criança goste;
  • não utilizar a TV ou celular (todo tipo de mídia) como uma forma de manter o filho ocupado;
  • não deixar crianças com menos de 2 anos expostas à televisão;
  • não criar o hábito de assistir TV enquanto se alimentam;
  • seja o exemplo do que você está tentando ensinar.
Quero deixar claro que existem programas educativos muito bons e adequados a cada faixa etária, as mídias fazem parte do nosso dia-a-dia, porém é preciso saber utilizar e selecionar o que realmente agrega na nossa educação e dos nossos filhos. Não pensem que apenas as crianças são influenciadas pela mídia! Todos nós somos! Infelizmente, muitas pessoas não têm conhecimento ou não levam a sério essa influência. Mas ela existe e é fato!

Para ser exemplo do que se quer ensinar comece selecionando o que você ouve, assiste e lê! Escolha o que realmente vai agregar algum tipo de conhecimento ou mesmo diversão, mas seja seletivo. Você só tem a ganhar e sua família também, eu te garanto! Pessoas de sucesso se preocupam muito com isso e aproveitam o seu tempo da melhor forma possível, até porque o tempo perdido não tem como ser recuperado, então use-o com sabedoria!

Gratidão!

Cris Saraguci 
UP2U Desenvolvimento Humano
Pedagoga, pós-graduada em Psicopedagogia
Pòs-graduanda em Neuropsicopedagogia
Personal & Professional Coach SBCoaching




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